28 de agosto de 2012

Extratos das conferências da Assembleia

“aldeia global”. Com a comunicação via satélite, as informações passaram a chegar ao mesmo tempo em qualquer parte da Terra. Os países mais avançados em tecnologia levaram suas concepções e sua visão do mundo a todos os demais, mas a mesma tecnologia favoreceu a difusão de elementos de culturas periféricas fora de suas fronteiras, tornando global o local. Basta pensar nas diversas culinárias que hoje podem ser encontradas por toda parte: ninguém precisa ir ao Japão para experimentar a cozinha japonesa...

Sobre aquele conceito de globalização foi enxertado outro, referente a mudanças no sistema econômico. Ele entrou na linguagem corrente após 1989, quando a derrubada do muro de Berlim precipitou o esfacelamento da antiga União Soviética e pôs fim à “guerra fria” que até então dividia o mundo entre os aliados dos EUA e o bloco socialista. Dissolvido o bloco socialista, o mundo parecia não ter alternativa senão adotar o capitalismo. A globalização passou a ser entendida, então, como a supressão de todas fronteiras nacionais e transformação do mundo num único mercado onde o dinheiro, as mercadorias e os serviços (mas não as pessoas!) circulem desimpedidamente.

A lógica produtivista e consumista e seus efeitos no sistema de vida da Terra
O êxito do sistema capitalista reside na sua enorme capacidade de produzir riquezas. Seu primeiro grande teórico, A. Smith, já dizia que não é a generosidade e sim a ânsia de lucro que faz o padeiro levantar-se de madrugada para assar e vender seu pão logo pela manhã. A lei do mercado é regida pela lei da oferta e da procura. Ao longo da história o sistema capitalista assumiu diferentes formas – mercantilista, liberal, imperialista, de bem-estar social e neoliberal – e passou por diferentes centros polarizadores: das cidades italianas foi para Amsterdã, dali para Londres e depois Nova York. Hoje há sinais de que o próximo centro polarizador se localizará na China. Porém, cedo ou tarde encontrará uma barreira intransponível: os limites físicos do nosso Planeta.

Cresce o número de pessoas alarmadas pelo desgaste físico do nosso Planeta, com diferentes focos da atenção: produção de lixo, destruição da biodiversidade, degradação dos solos e das águas, desertificação dos mares, aquecimento global, esgotamento das fontes de energia fóssil, danos à saúde humana e animal, exclusão social, e outras ameaças ao sistema de vida da Terra. Os estudos e pesquisas deixam em evidência que o principal causador desses desequilíbrios é a espécie humana mobilizada pelo produtivismo consumista da economia de mercado. Por utilizar enormes quantidades de energia e de matérias-primas, gerar mais poluentes (lixos e venenos) e mais gás carbônico do que a Terra consegue absorver, ele provoca graves desequilíbrios no sistema de vida da Terra. Embora esse sistema normalmente absorva, aproveite e recicle energia, água, ar, restos de seres vivos e tudo mais que a vida necessita para reproduzir-se, essa capacidade de reciclagem não é ilimitada. Essa ameaça foi percebida por pessoas atentas às questões ambientais, mas por bastante tempo foi ignorada por empresários, economistas e dirigentes políticos. Quem falasse de questões ecológicas, ambientais e de respeito à vida do Planeta era desqualificado como aquele “ecochato”.

Alternativas à globalização do mercado

Se a globalização do mercado regido pelo capital está prestes a atingir seu esgotamento em meio a guerras, fome e mortandade em massa, cabe agora examinar as alternativas para a humanidade que deseja uma vida longa e feliz sobre a Terra. O fracasso da globalização neoliberal faz desmoronar a

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